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O trabalho que não acaba: quando o cansaço mental vira modo de vida

novembro de 2025
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O trabalho que não acaba: quando o cansaço mental vira modo de vida

Você acorda, como quem nem dormiu e depois de mais uma noite de insônia, já sente o peso do dia nas costas. Passa um café e toma sem açucar e com ansiedade. O telefone vibra, o e-mail chama, e as demandas parecem não ter fim. Entre tarefas e compromissos, o corpo segue no automático, a mente esagotada, pensamentos acelerados e a sensação de que nunca é suficiente. A tensão e o estresse se acumulam, o sono falha, e os sinais do corpo pedem, em silêncio: pausa.

Mas, acostumados a negligenciar o que nosso corpo nos diz, não damos ouvidos. Daí, o cansaço aparece em pequenos esquecimentos, falta de concentração, refeições apressadas, noites mal dormidas e uma sensação constante de dever. Relações, lazer e até o tempo consigo mesmo se comprimem pela pressa, enquanto a pressão vem tanto de fora quanto das próprias exigências internas.

Byung-Chul Han observa que, na sociedade atual, o que chama de sociedade do cansaço, a pressão não vem mais apenas de chefes ou regras externas , agora você mesmo se exige sem parar. O trabalho deixou de ser apenas uma tarefa ou um meio de sustento e se transformou quase em uma maneira de existir. Cada responsabilidade parece depender inteiramente de você, e isso cria um cansaço constante, uma sensação de que nunca é suficiente. Chegamos a esse ponto porque a cultura do desempenho faz com que estejamos sempre “disponíveis” e produtivos; é uma lógica que interessa a quem se beneficia do nosso tempo e energia, enquanto nos acostumamos a carregar cargas impossíveis, sem questionar os próprios limites.

Você pensa: por que é tão difícil simplesmente existir sem se esgotar emocionalmente? Por que cada tarefa cotidiana parece carregar um peso desproporcional? Como é que essa necessidade de dar conta se tornou parte de mim, tão natural que mal percebo que me consome?

A psicanalista Suely Rolnik nos lembra que é possível começar a perceber as forças que nos atravessam e nos fazem sentir sempre ocupados e sobrecarregados. Ela sugere que podemos prestar atenção aos pequenos sinais do dia a dia, gestos, pensamentos, sentimentos, que nos mostram onde estamos sendo exigidos demais. Não se trata de fugir das responsabilidades, mas de observar com cuidado o que nos move, o que nos consome e o que ainda pulsa dentro de nós.

Além disso, Rolnik nos convida a dar um passo adiante: podemos perceber e questionar aquelas formas de pensar, sentir e agir que nos foram impostas pela sociedade e que nos mantêm sempre cansados e sobrecarregados. É como abrir espaço dentro de nós para sentir, escolher e viver de um jeito mais autêntico. Para isso, podemos praticar pequenas atitudes no dia a dia, por exemplo:

• Perceber a própria vulnerabilidade: reconhecer os momentos de cansaço, fragilidade ou estresse, sem se culpar.• Aceitar o desconforto: entender que sentir-se sobrecarregado ou frustrado pode ser um sinal de alerta e não um erro.• Prestar atenção aos sinais do corpo e da mente: observar desejos, inquietações e limites, e não ignorá-los.• Experimentar o novo e o inesperado: permitir-se vivenciar experiências diferentes, ainda que pequenas, que fogem da rotina automática.• Questionar hábitos e formas de vida que já não funcionam: refletir sobre atividades, rotinas ou crenças que nos esgotam e buscar alternativas mais saudáveis.

Criar estes espaços é um desafio, mas é possível. Iniciar um processo de psicoterapia online pode ser um destes espaços de respiro em que você tem a possibilidade de encontrar esta pausa que precisa e durante uma consulta psicológica o tempo justo para perceber o próprio corpo e se permitir a prestar atenção em você mesmo com presença, para recuperar a energia e autonomia da própria vida.

Se você se identifica com esse cansaço constante e sente que precisa de apoio psicológico, agende sua sessão de psicoterapia online. Juntos, podemos criar estratégias para recuperar sua energia e bem-estar.

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